Lago encantado
Olho para as margens de um lago
Lago encantado...
Talvez infectado! Infectado por todas as minhas ânsias e angustias
Nele vejo meu irmão Augusto.
Aquele dos Anjos!
Aquele que como uma rosa de Hiroshima bombardeou sua época.
Não como bombas que matam, ferem e destroem...
Como palavras ditas que abalam ficam e não saem
Sabia ele que um dia iria morrer
E quem não morre. Só a hora esperava.
Talvez tivera medo ou não,
Viveu como morreu
E chegando a hora de ser festa. Foi!
Para aqueles que o deixaram como um caroço podre de feijão.
Vermes entrando e saindo, até...
... Que dele nada restasse, restasse sim!
Uma lembrança que não se apaga.
Sucumbiu, mas, não morreu.
Partiu e de mim não se despediu.
Nessas águas posso ver meu irmão Augusto
Que entre Anjos vive,
Vive e viverá...
...enquanto Eu’s possa haver para dele lembrar-me.
4 comentários:
Acho que o sentido da vida para Augusto era viver para cantar a morte, para mostrar a efemeridade e a fragilidade da vida, o espetáculo da decomposição, e exaltar aqueles que nos ajudam a recongregar no Todo Universal, como os vermes saindo e entrando.
Belo poema. O Eu e a melancolia que está presente a maioria de suas obras o torna que um dos poetas mais reconhecidos até hoje.
Amei o blog. Nos próximos eu queria uma pitadinha de Cecilia Meireles.
Vou tentar demostrar um pouco da fugacidade de Cecília
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